Moça
bela e prendada que não se sujeitou ao casamento, numa época em que
muitas opções eram negadas às mulheres, Emily Dickinson dedicou-se,
depois de adulta, a uma vida de completa reclusão, tendo passado mais de
vinte anos sem sair de casa e sem receber visitas. Suas únicas tarefas
eram cuidar da mãe doente, cozinhar e cultivar flores exóticas, além, é
claro, de fazer versos. Nos bolsos do avental ou do vestido branco que
costumava usar havia sempre lápis e papel, e entre uma ocupação e outra
ela rabiscava os seus poemas.
Alguns deles eram passados a limpo em
cadernos, outros eram enviados a amigos e parentes com os quais ela se
correspondia, e outros ainda, na forma de esboços ou de rascunhos quase
indecifráveis, eram engavetados. Foram assim encontrados, depois de sua
morte, uns na mais completa desordem, outros em mãos de terceiros. O
trabalho de edição de sua obra coube de início a um crítico literário,
Thomas Higginson, que não apreciava a sua poesia e por mais de uma vez a
havia aconselhado a não publicá-la, e à amante de seu irmão, Mabel
Loomis Todd, que ela se negara a conhecer pessoalmente. Editados e
formatados ao gosto de cada época, os poemas de Emily Dickinson
tornaram-se ao longo dos anos um sucesso de vendas e foram aos poucos
conquistando a crítica literária, que antes via nela uma simples
“poetisa” de ocasião cujos versos “estranhos” e “difíceis” não se
enquadravam nos ideais estéticos da poesia lírica, e que hoje a
consagrou como uma das maiores expressões da literatura universal.
Estão
aqui a Sarah, a Eliza, a Emeline,tão bela, a Harriet,
a
Susan, e esta outra de cachos no cabelo;
Poemas de Emily
Dickinson, em tradução de José Lira
Edição bilíngue inglês-português
Edição bilíngue inglês-português
Editora Iluminuras,
2011
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