Artista cuja carreira é, ainda hoje, cercada de mistérios e controvérsias, alimentados, sobretudo, pela imprensa, Geraldo Vandré é a figura central do livro da historiadora Dalva Silveira . A obra se debruça sobre a trajetória do cantor e compositor que despontou nos anos 60, foi perseguido pela ditadura, se exilou em 1968 e em 1973 retornou ao país renegando seu passado artístico, em episódio desde sempre envolto em especulações. Dalva procurou, sobretudo, analisar como a mídia tratou esse percurso, desde aquela época até os dias atuais.
Ela diz que escolheu o tema em função de motivações pessoais – é admiradora da música de Vandré, que ouvia em casa quando criança – e da possibilidade de dar a elas um âmbito mais amplo, político, histórico e social. “Sempre me tocou muito a música do Vandré, e também os boatos, depois que ele voltou do exílio, de que estava louco, tinha sofrido lavagem cerebral. Quando entrei no curso de história, na UFMG, me reencontrei com aquele período e quis falar dele, a partir do Vandré”, aponta.
Geraldo Vandré por Manduka
(Pátria amada idolatrada salve salve
Geraldo Vandré e Manduka) Dalva destaca que suas principais fontes de pesquisa foram jornais e revistas. Mas ela aponta que mesmos essas publicações divergem ou são pouco esclarecedoras do período da vida do artista compreendido entre seu exílio e o retorno ao país. “Existem várias opiniões, mas nada conclusivo sobre essa fase da vida dele. Essa história toda do Vandré sempre foi um produto vendável para a imprensa, principalmente depois do exílio”, diz.
Ela própria acredita que Vandré interrompeu precocemente a carreira mais pela dificuldade de readaptação ao mercado fonográfico, quando retornou ao país, do que por supostas (e sempre negadas pelo próprio músico) torturas ou lavagem cerebral que tenha sofrido.
“Nesse período em que ele esteve fora, a indústria cultural cresceu. Quando voltou, ele encontrou outro cenário, outro Brasil. Tem um capítulo do livro, o três, em que trato da questão dos exilados, que é uma coisa muito traumática, principalmente no caso do Vandré, porque foi longo, no auge da carreira, e pela volta a um lugar que não era o dele”, aponta.
do O Tempo
Você pode encontrar este livro AQUI
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